O equinócio de outono em 2019 aconteceu a 23 de setembro, domingo, exatamente às 13:26 horas. Esta foi a hora oficial em que deixámos para trás o verão para dar início ao outono. É o instante preciso em que o sol cruza o plano do equador celeste, o que decorre em setembro no hemisfério norte e em março no hemisfério sul. A palavra Equinócio tem origem latina aequinoctium, o que significa "noite igual" (ao dia) ou seja, os dias que têm diminuído ao longo do verão acrescentando mais tempo à noite, encontram neste dia uma igualdade na duração do dia e da noite. Em rigor, esta métrica só teve lugar no dia 26 deste mesmo mês devido a outras razões físicas de refração da luz solar.

Aproveitando este momento particular, os professores Álvaro Folhas e Ana Cândida na Escola Básica Prof. Artur Nunes Vidal convidaram uma turma do Ensino Básico  para determinarem o perímetro meridional da Terra, inspirados no método utilizado por Eratóstenes para o mesmo fim, 240 anos antes de Cristo. O princípio é simples: no meio dia solar (momento em que o sol está mais alto), nesta data o sol está perfeitamente aprumado no equador não produzindo por isso sombra numa vara vertical, enquanto noutro local do mesmo meridiano, nesse mesmo instante, uma vara idêntica produzir sombra, facilmente se percebe que isso só é possível se a Terra for curva. Aplicando alguns conhecimentos de Física e de Matemática e Geografia, dessa curvatura denunciada pelo tamanho da sombra, determina-se facilmente a latitude do lugar, a altura do sol e o perímetro da Terra, podendo daqui ser estimados muitos outros parâmetros como a distância ao centro da Terra ou o volume aproximado do nosso planeta.

Assim, munidos apenas de um nível vertical, de um tubo de plástico e de muito entusiasmo, os alunos montaram verticalmente o tubo na expectativa que o sol se apresentasse a descoberto no meio-dia solar, o que aconteceu precisamente às 13:25 horas. O sol brilhou, a sombra foi registada, e o momento era para descobrir agora toda a informação que se escondia nos números.

Aquele simples tubo de plástico com o comprimento de 235 cm, colocado verticalmente ao sol, produziu uma sombra de 208 cm mostrando que a inclinação dos raios solares era de 41,5º, valor que por ser medido neste dia e nesta hora tão especiais, nos dava o valor aproximado na nossa latitude e simultaneamente a altura de 48,5º com que o sol se apresentava naquele momento em Fermentelos, enquanto que algures no Atlântico, abaixo da Libéria, na linha do equador, o sol estava perfeitamente aprumado. Esse ponto situado a 4512 km no mesmo meridiano em que nos encontramos, permitiu aos alunos chegar ao valor de 39138 km para o perímetro da Terra. Valor que difere apenas em 2,0% do valor de 39942 km tido como verdadeiro, o que atendendo ao facto da Terra não ser perfeitamente esférica, é um excelente resultado.
Esta atividade inscreveu-se no Projeto Global "Eratosthenes Experiment", projeto com a chancela da União Europeia, que contou com a participação de 1512 escolas de 52 países. Segundo Francisco Vitorino, diretor do Agrupamento de Escolas de Águeda Sul, estas iniciativas são de enorme interesse didático porque mobilizam conhecimentos de diferentes áreas disciplinares, proporcionando aprendizagens significativas, e desenvolvendo competências essenciais aos alunos que nelas participam.