Assim, as turmas 7.ºI e 7.ºJ , recordando que as galáxias são entidades dinâmicas, e que as regiões com maior densidade de Hidrogénio serão aquelas onde a temperatura irá aumentar ao ponto de formar novas estrelas, tiveram a oportunidade de constatar isso mesmo recorrendo à utilização de um radiotelescópio de 3 metros de envergadura do Projeto EU-HOU (European Hands-on Universe) situado em Cracóvia (Polónia). Antes de mais o professor começou por alertar que reservou o radiotelescópio em hora UTC (Universal Time Coordinated), tendo explicado sumariamente a necessidade de se estabelecerem fusos horários face à rotação da Terra e recordando conceitos de latitude e longitude da Geografia, bem como alguns conceitos matemáticos implícitos. A aula passou a ter um forte caráter interdisciplinar mobilizando conhecimentos de Física e Química, de Geografia, Matemática e TIC.
Um pouco antes da hora agendada previamente, entrámos na plataforma de acesso do radiotelescópio, tendo apontado a antena para um ponto na nossa galáxia. Os alunos observavam pacientemente, através das lentes de uma webcam situada nas imediações do radiotelescópio, a rotação do prato daquela antena que, a milhares de quilómetros, obedecia ao nosso comando.
Da aquisição dos dados chegaram-nos os resultados em representação gráfica da Temperatura (K) versus Velocidade de rotação (km/s), cujos picos de maior intensidade referentes à maior densidade de hidrogénio, através de um processamento simples, se converteram nas localizações numa representação da nossa galáxia, evidenciando as regiões nas quais é maior a probabilidade de formação de novas estrelas, ao mesmo tempo que verificamos a velocidade com que diferentes pontos da nossa galáxia rodopiam em torno do seu centro.
A aula foi curta para tanta informação, e não é garantido que todos tenham assimilado a experiência em pleno, mas é seguro que ninguém ficou indiferente ao que se passou naquela aula, tendo-se reforçado conhecimentos e competências que farão parte destes alunos e das experiências que guardarão da escola.
Mas se a experiência referida foi importante e significativa para as referidas turmas, o 7.ºK teve uma experiência arrebatadora: usaram o enorme telescópio Faulkes Telescope North (FTN), no Observatório de Haleakala (Havaí), situado a 3055 m de altitude sobre vulcão oriental de Maui, para daí observarem a noite no Pacífico.
Também neste caso se começou por localizar o Havaí no mapa, percebendo que, face à longitude e ao movimento de rotação da Terra, aquela localização geográfica estava com 10 horas de atraso relativamente a nós. Este contexto era particularmente útil pois permitia observar a noite em Haleakala durante o decurso da nossa aula. Recorrendo ao software Stellarium para ver as coordenadas (AR/Dec) de cada objeto celeste, estabeleceu-se o alinhamento de alguns objetos astronómicos a visitar para rentabilizar o tempo de observação. Preparado o trabalho, à hora agendada (15:30 horas) a turma acedeu à plataforma de controlo do telescópio, tendo apontado de imediato o telescópio para a constelação da Ursa Maior, região bem conhecida de todos os alunos, tendo aí fotografado a bonita galáxia do Girassol (M63); de seguida visitaram a vizinha Galáxia Whirlpool (M51) que obriga sempre a um registo fotográfico e desta para a galáxia Pinwheel (M101).
A meia hora que nos tinha sido concedida começava a escoar-se por entre os olhos de toda a gente, pelo que o professor Álvaro Folhas resolveu conduzir o telescópio para novos objetos que permitissem ilustrar a maior variedade possível de objetos celestes referidos nas aulas.
Os objetos registados serão processados posteriormente no Clube de Ciência de modo a produzir fantásticas imagens sobre estas galáxias, nebulosas e aglomerados estelares. Mas isso terá que aguardar outros contextos e momentos próprios. Para já ficou uma viagem no espaço e no tempo, recorrendo a equipamento profissional por controlo remoto, via web, percebendo que também a esfera celeste tem um sistema de coordenadas que nos permite conhecer a posição de cada objeto celeste, mas que a longitude do nosso planeta determina a hora do dia face ao movimento de rotação terrestre.
Estas atividades realizadas na aula de Física e Química em três turmas diferentes procuraram ir ao encontro dos conteúdos não só desta disciplina, mas de várias outras, articuladas aqui por forma a promoverem o reforço das aprendizagens e a constituir uma experiência significativa que persista na memória e alavanque o gosto pela Ciência.
Registou-se o ceticismo de alguns alunos que manifestaram a dificuldade em aceitar que equipamento daquele calibre pudesse estar a ser controlado por uma turma do sétimo ano, abrindo uma janela para o Universo a partir da humilde vila de Fermentelos."